terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

A Bandeira Do Preconceito



Eu peço a DEUS que se tiver que levantar uma bandeira, que ela seja de justiça e igualdade!

Ultimamente tenho ficado inquieta com o preconceituoso movimento da sociedade contra o preconceito.

Não consigo entender a luta por igualdade que gera diferenças, nem a busca de paz que gera separação, segregação. Isso não pode dar certo!

Como se pode esperar que atos segregadores possam promover alguma forma de bem?

Se pretendemos lutar contra a violência devemos proteger a todos e não só um determinado segmento social, pois não podemos julgar que apenas a mulher sofra a dor de uma agressão ou que apenas os homens sejam capazes de agredir; não podemos imaginar que apenas homossexuais sejam assassinados e que apenas heterossexuais sejam capazes de assassinar; se pretendemos igualdade, paz e solidariedade temos que tratar de ser humano, de gente!

Pouco importa o sexo, a idade, a raça, o credo ou seja lá que outra forma encontremos de “classificar” alguém, ele é um ser humano e pronto, isso é mais do que o suficiente para que seja protegido de qualquer tipo de violência ou discriminação, sem que seja necessário separá-lo em um determinado segmento e destinar-lhe uma lei específica, como se sua dor ou fragilidade fosse diferente de todos os demais... Ninguém, absolutamente ninguém, pode ser tratado como mais forte ou mais frágil, pois neste caso estamos nós mesmos, na tentativa de proteger um, violentando o outro.

Não é verdade que só negros são pobres, que só brancos são ricos, que só mulheres são frágeis, que só deficientes precisam de calçadas com rampas, que só homossexuais são perseguidos, que só índios precisam de terras, que só professores tem salários injustos, que são as expressões politicamente corretas que vão resolver as desigualdades e injustiças sociais... Tudo isso é uma enorme tolice, uma enorme perda de tempo que só faz com que nos desviemos do foco e acabemos por ficar tal qual um cachorro inquieto, correndo atrás do próprio rabo porque não encontra uma posição confortável para descansar. Não estamos encontrando uma posição confortável para todos nós em nossa sociedade porque ao invés de pensarmos no todo e visar sempre o bem comum, cada um segura uma bandeira diferente e, pensando apenas no que convém aquele grupo específico, passa a reivindicar direitos que passam a ser apenas regalias, pois esquecem, agridem ou desconsideram o direito do outro.

Para que uma lei específica para proteger a vida e integridade física da mulher ou do homossexual se podemos simplesmente lutar para que as leis que já existem para todos contra agressão, homicídios e afins sejam melhoradas e cumpridas?!

Como defender especificamente o homossexual de possíveis “constrangimentos ” e discriminações se sabemos que ainda temos em nossa sociedade as mais diversas formas de discriminação e constrangimento a anões, deficientes físicos, obesos, idosos, autistas e tantos outros especiais?! Não seria constrangedor e vergonhoso termos ônibus em que um anão não consegue subir por causa da altura da escada ou que um cadeirante não consegue embarcar porque não tem elevador próprio?! Não seria igualmente constrangedor que este mesmo ônibus tivesse uma roleta onde um obeso não conseguisse passar ou no cinema ou teatro, uma cadeira onde ele não pudesse sentar?! Não seria mais do que constrangedor e vergonhoso, mas absolutamente desesperador, um idoso com capacidade produtiva e necessidade financeira, não conseguir emprego por causa da sua idade?!

Como podemos punir uma empresa ou pessoa de não contratar um homossexual se os processos seletivos excluem até uma pessoa que possui restrições ao crédito, independente do motivo que as gerou?!

Como podemos achar que é uma violência a internação compulsória de um viciado em craque, mas permitir que eles corram loucamente pela Avenida Brasil colocando em risco, além da própria vida, a vida de outros homens, mulheres, homossexuais, crianças, idosos, anões, deficientes, cadeirantes e obesos que também precisam e tem o direito de trafegar pela mesma via?!

Nunca conseguiremos igualdade, paz e justiça social enquanto não olharmos a sociedade, mas apenas segmentos sociais! É tão simples: somos todos iguais, com os mesmos direitos, com os mesmos deveres, mas aí alguém pensa em cotas para resolver tudo e, por exemplo, empresas à partir de um determinado número de funcionários é obrigada a contratar determinado número de deficientes... Isso funciona?! Indústrias de determinados segmentos seriam um ambiente seguro e viável para deficientes?! Isso seria necessário se desde sempre, lá no comecinho de tudo, na infância, simplesmente olhássemos a todos como iguais, se todos fossem tratados como iguais e tivessem as mesmas oportunidades?!

Estes questionamentos, e tantos outros, me motivaram a escrever hoje porque percebo claramente que estamos complicando tudo, ou pior, destruindo tudo, pois em defesa da igualdade estamos gerando rivalidades sociais! Temos todos os mesmos direitos e deveres e somos todos iguais perante a lei, mas temos peculiaridades e por isso o fundamental é que criemos em nossa sociedade espaço para todos de forma natural, para que todos possam se adequar, criar caminhos, explorar possibilidades e então promover o desenvolvimento social com igualdade para todos. Se todos tivermos garantida nossa saúde, segurança e integridade física; condições de ir e vir livremente; educação profissionalizante de qualidade para todos e adequadas a todas as deficiências; possibilidades de exercício de empreendedorismo e a certeza de que temos uma lei simples, direta, objetiva e única que funciona igualmente para todos, teremos então a tão sonhada sociedade justa e igualitária, mas enquanto estivermos preocupados em como chamaremos aquele “negão camarada”, em não cantar mais a “nega do cabelo duro” ou a “mulata cuja cor não pega”, ou muito pior, se estiver preocupados em não ler Monteiro Lobato que “discriminava” a Tia Anastácia, seremos como o cachorro que não consegue se acomodar. Aliás, sinceramente, não conheço nenhuma bandeira mais preconceituosa do que esta tola bandeira do politicamente correto...

Que afrodescendentes nada, nós temos é o nosso alegre negão;

Sem essa de deficiente visual ou deficiente auditivo, nossos irmãos são cegos e surdos;

Que obeso mórbido nada, viva o gordo!

Todo este “cuidado” em como chamar, em que palavra usar para chamar ou se referir a uma PESSOA só mostra que a estamos olhando de forma diferente, com melindres e constrangimentos que não cabem, criando sensações pelas quais elas não merecem passar, pois a importância não está na palavra, mas em como ela é dita!

Quando li sobre a “autoridade” que pretendia impedir as escolas de indicar os livros de Monteiro Lobato por entender que ele praticava discriminação racial com a Tia Anastácia, imediatamente percebi que ele, na infância, não leu tais livros, tivesse lido não falaria tal asneira! Alias, fiquei surpresa com sua mente escura e preconceituosa, pois com seu olhar segregador conseguiu enxergar o que ninguém nunca viu!

Qualquer um que entrou no mundo do Sítio do Pica Pau Amarelo se apaixonou pela negra Anastácia a ponto de chamá-la de tia, desejou seus abraços gordos e a doçura de suas guloseimas! Tia Anastácia de tão amada por todos os personagens e, é claro, pelo autor, embora fosse empregada, e eu só percebi isso depois que cresci, era tratada e amada como se da família fosse e entrou gloriosamente para a família de todos os que ousaram ser puros e totalmente livres de preconceitos a ponto de viajar para o Sítio!

É por tudo isso que tenho medo de tantas bandeiras! As defesas de “classes” são perigosas porque se tornam cegas e egoístas... Mulheres não precisam ser contra homens para ter seus direitos garantidos e o mesmo acontece com negros com relação aos brancos, com homossexuais com relação aos heterossexuais; com deficientes com relação aos sãos; com idosos ou crianças com relação aos adultos. Já temos muitos problemas a resolver, não precisamos inventar disputas loucas! Chega de inventar “guerrilhas sociais”!

É óbvio, a igualdade e justiça só acontece se honrarem seus significados mais simples, se, portanto, for igual e justa, se privilegiar alguém ou o que quer que seja, quebrou seu princípio básico e se esvaiu em si mesma, acabou, se perdeu.

Não se consegue paz, amor, igualdade e justiça a partir de segregação, isso é burrice!

O direito de um termina quando começa o do outro; se não fizermos ao outro o que não gostaríamos que fizessem com nós mesmos, independente de que “classe” representamos, estará tudo resolvido. 
É aquela máxima que todo mundo repete, mas pouquíssimos praticam: amar ao próximo como a si mesmo!
Simples assim.

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