sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Descobertas Sobre A Felicidade

Hoje acordei com sinfonias de Rouxinóis em meu coração pela felicidade do aniversário de casamento e resolvi tentar entender melhor este sentimento tão incrivelmente bom. Passei a comparar o que sinto hoje com momentos anteriores de minha vida onde eu me disse feliz e conclui que a felicidade é diretamente proporcional à maturidade, não no que diz respeito especificamente à idade, mas no que diz respeito ao nosso amadurecimento e desenvolvimento como pessoa.
Busquei em minhas lembranças sorrisos e declarações de famosos e anônimos quanto a conquistas de felicidade e, cada vez mais, pude me certificar de duas coisas: encontrá-la depende de ter uma razão dentro para fazê-la explodir para fora e que tê-la é uma decisão pessoal e intransferível, não importa quantos sejam as pessoas e recursos disponíveis para ajudar nesta conquista.
Alguém disse em algum momento que felicidade é um estado de espírito, discordo, mas é preciso admitir que tê-la depende diretamente de sua disponibilidade e, sim, de seu estado de espírito.
É um engano buscar e basear a felicidade no que é material, pois o material é perecível e perecendo levará junto e gradativamente o encantamento da felicidade que, então, não terá passado de euforia.
Sinto também como um grande equívoco entender que ser feliz é ter razão, estar por cima, dar a última palavra, rir por último ou simplesmente se impor sobre quem ou o que quer que seja, isso é orgulho.
Alguns pensam, ainda, que ser feliz é ter o amor de outra pessoa e saber que ela é sua e que, portanto, tem a segurança de sua companhia não importa o que aconteça, a ponto de, muitas vezes, nem mesmo cuidar deste amor a fim de que cresça e germine em novos e maravilhosos brotos tornando-o cada vez maior e mais forte. Este é outro terrível e perigoso engano que não gera felicidade, pois é apenas e tão somente posse.
Felicidade não é ter, mas oferecer!
A felicidade não está em ter bens materiais para si, isso não gera nada que não avareza! A grande felicidade dos bens materiais está na capacidade de compartilhar, de dividir, de não se tornar escravo deles, de ser justo, solidário e íntegro com o que se tem, seja muito ou pouco.
Qual o valor do acúmulo de bens se isso gerar o desconforto das dívidas ou a solidão pela avareza?
Felicidade não é dar a última palavra, custe o que custar.
Felicidade não está no orgulho de sempre estar certo, fosse assim ninguém seria feliz, pois ninguém está absolutamente certo em cem por cento do tempo.
A felicidade vem da paz de se buscar ser justo e íntegro, de saber pedir perdão se estiver errado, de explicar suas razões mil vezes se necessário ou de simplesmente abandonar uma discussão se o outro estiver irredutível em não, ao menos tentar, entender o outro lado da mesma história.
Felicidade não é dar a última palavra, mas dar a palavra certa e nela silenciar-se.
Felicidade não é ter o amor do outro, mas é ter alguém a quem dar o seu próprio amor. Amor limpo, amor inteiro, amor incondicional.
Felicidade é ser tomado inteiro por um amor tão forte e imenso que te torne incansável para servir, invencível para defender, talentoso para cuidar, sábio para compreender, paciente para aceitar, forte para suportar e amoroso para amar ainda um pouco mais!
Felicidade é entender que o amor é riqueza infinitamente maior do que bens, prazer infinitamente maior do que o sexo e eternidade infinitamente maior do que a própria morte!
Felicidade é perder o medo de se dar incondicionalmente, é ter coragem de olhar para o outro antes de olhar para si mesmo e entender que isso é muito bom e muito mais inteligente e saudável do que o egoísmo!
Felicidade é amar e saber que, mais do que em qualquer outra coisa, o paraíso, a segurança e a paz podem estar em meio a um simples, mas sincero e carinhoso abraço. Mas atenção, não se pode prender à frase que ensina que é dando que se recebe e dispor-se a dividir, compreender e amar apenas com o propósito de receber a contrapartida e ser feliz.  Isso é uma terrível armadilha que pode levar alguém ao arrependimento de suas ações e tornar tudo o que se fez em amargura e dor. 
A felicidade é pura, inocente e desinterassada. Ela não se programa, simplesmente é!
O grande “barato” da felicidade é viver para ela e ela simplesmente virá! Porque viver o desapego, a solidariedade, a compreensão e a paciência, além do amor incondicional não é uma receita, mas um caminho, o caminho do amor e só este caminho pode conduzir a este mundo que, não importa o que aconteça, é maravilhoso e incrivelmente perfeito e colorido: o mundo da verdadeira e eterna felicidade!

Dedico este texto ao meu marido, Arcangelo Abramo, que compartilhando o meu amor, me faz a mulher mais feliz do mundo!

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Hipocrisia, O Vício

Esta manhã escolhi um tema aparentemente fácil: hipocrisia. Mas ao dar início à organização de minha idéias para começar este texto, concluí que esta prática está já tão normal em nosso meio e tão banalizada que devia começar pelo óbvio antes de qualquer exposição de pensamento. Começando, então pelo que deveria ser óbvio, mas se perdeu em meio aos interesses e práticas distorcidas de nosso “maravilhoso mundo moderno”, vamos ao significado: “substantivo feminino. Vício que consiste em aparentar uma virtude, um sentimento que não se tem. Fingimento, falsidade.”.
Aparentemente pode parecer ridículo apresentar o significado do tema do texto, mas isso me foi de grande valia, pois trouxe a tona algo que pode ter passado desapercebido a muitos, inclusive a mim: a hipocrisia é um vício!
Com este dado em mente comecei a buscar pela memória os hipócritas de todos os níveis que vi passar pela minha vida e esta nova informação me deu uma visão diferente destas “pessoas” e de seus atos. Hoje olho para cada situação que assisti com menos raiva, com mais pena, mas com a mesma indignação.
Quando se olha para um hipócrita como um viciado se entende que ele é alguém doente e que precisa de tratamento, o problema é que este vício não dá “um barato”, um porre que você possa identificar e que possa se proteger da pessoa até ela voltar ao normal, pois o hipócrita está sempre fantasiado de “careta” e você só sabe que ele é um viciado depois de experimentar os efeitos de sua overdose.
Diferente do alcoólatra, que vem cambaleando e com a voz “pastosa”, o hipócrita vem inteiro, aparentemente mais lúcido e limpo do que todos a seu redor, trazendo nas mãos o troféu da bondade, honestidade e perfeição, enquanto o peito ostenta a faixa de “amigo, filho ou parceiro do ano”.
Enquanto o dependente químico sofre a imensa culpa de sua fraqueza no dia seguinte em que sucumbiu ao vício, o hipócrita delicia-se na ilusão de ter conseguido enganar mais um, de ter mais uma vez atuado com perfeição no papel de cordeiro, enquanto, na realidade, é o lobo mau. Nem sofre o “bode” do dia seguinte e nem a crise de abstinência, pois não se permite a isso, segue firme em seu vício! Assim concluí, triste, que não haverá um HA (Hipócritas Anônimos), porque não há hipócritas em busca da cura, não há um hipócrita desejando ser sincero, pelo menos, “apenas por hoje” e a situação das vítimas destes viciados se agrava, pois não há um traficante a se deter ou um bar a se fechar, a “droga” do hipócrita é manufaturada por ele mesmo, dentro dele mesmo e entregue por ele a ele mesmo, sem intermediários e sem deixar rastros deste crime hediondo.  E assim, o mundo segue condenado ao convívio com estes viciados que, diferente dos demais, causam mais mal aos que estão à sua volta do que a eles mesmos. Não que não sofram, eu acredito que sofram sim, mas não agora enquanto ferem e destroem os que acreditam que eles sejam saudáveis e “caretas”, mas depois, muito depois, quando chegar a época da colheita e seus cestos estiverem cheios de ervas daninhas e amargas, sem nenhum bom fruto para saborear, numa época que, talvez, já seja tarde para arar a terra mais uma vez, semear, regar e aguardar uma nova colheita.
Vive sorridente, o hipócrita, uma hora aqui e outra ali, derrama rápida lágrima de mágoa ou indignação quando descoberto, e seu coração sangra e sofre pela injustiça de lhe apontarem o vício, mas ainda assim segue sorrindo, porque nesta lágrima produzida pelo seu próprio ópio, envolve outros tantos desavisados, ilude e engana com sua astúcia e falsidade num êxtase com jeito de overdose até aquele que o descobriu passar por mentiroso ou até o que enganou com suas lágrimas entorpecidas se descobrir como outra vítima ou, finalmente, até o dia de sua INEVITÁVEL colheita.
Este é um problema grave para o qual a sociedade, a polícia ou a ciência não apresenta qualquer solução. Não se pode deter este vício com associações, com grupos de ajuda, com a repressão policial, com leis ou mesmo com medicamentos que causem ao viciado enjôo ou outro tipo de rejeição a seu vício. É um vício danoso e extremamente traiçoeiro que condena o hipócrita à solidão e exílio do amor, amor que tudo pode, tudo crê, tudo suporta... exceto o vício pelo mal.


domingo, 16 de janeiro de 2011

Lições Da Vida


Tudo o que acontece à nossa volta invariavelmente nos traz uma lição e é este aprendizado que dá sentido até mesmo às tragédias sem sentido que povoam o mundo e nossas vidas.
Muitas vezes a tristeza e a dor são grandes demais e nos deixam míopes, olhamos os acontecimentos e as lágrimas turvam nosso olhar e é pouquíssimo o que conseguimos enxergar, mas não devemos desistir, não podemos desistir, pois é preciso aprender e crescer, é preciso dar algum sentido ou função a todo o sofrimento que se apresenta, por pior que seja. É nisso que reside a sabedoria e desenvolvimento da humanidade.
Assistindo, pela imensa janela da televisão, a força da natureza se manifestar de forma tão destrutiva, em minutos, arrastando, demolindo, quebrando, matando e transformando em nada o tudo construído ao longo de tantos anos, parece não haver nada a se aprender a não ser a conviver com a absoluta verdade que é nossa impotência diante de tragédias naturais, mas isso não é verdade, há muito a se aprender e a lição é valiosa demais para se desperdiçar.
A tromba d’água desceu a serra com a força e fúria de uma Tsunami deixando para trás resultados semelhantes ao de um grande terremoto. Igualou casebres e mansões, avenidas e trilhas, ricos e pobres, chamando atenção do Brasil e do mundo para a única coisa que realmente tem valor: vida, solidariedade, amor e fé!
A devastação, necessidade e tristeza fez a humanidade voltar os olhos para o seu próximo, abandonando, por um pouco que seja, as distrações fúteis da TV e Internet para pensar em como ajudar a reconstruir, a alimentar, matar a sede e amenizar a dor. Tudo isso nos fez olhar para nossos armários e dispensas e, finalmente, entender que temos coisas demais, muito mais do que as necessárias e que é hora de fazer com que elas, inúteis para nós, possam cumprir sua função nas mãos de quem realmente precisa delas. A Tsunami passou por nossas mentes e corações, para destruir o que foi edificado errado por lá e nos fazer melhores do que somos, mesmo quando nos achamos essencialmente bons.
Um instante analisando estes últimos cinco dias de sofrimento, necessidade e destruição na região serrana do Rio ou em São Paulo ou ainda, do sul de Minas, e ficamos perplexos de ver como é equivocado nosso senso de prioridade e valor. Status, fama e riqueza foram afogados pela realidade imposta pela natureza de que somos todos iguais e que a única salvação em uma situação em que o dinheiro não pode comprar nada, é o amor ao próximo que gera solidariedade e caridade.
Numa cidade ilhada em meio à lama e destroços, quando já não há nada para ser comprado ou vendido e as casas já não ostentam mais em suas fachadas a classe social de quem as habita, a única riqueza existente é o amparo do abraço de um desconhecido, o alimento dividido pela mão de um vizinho com quem nunca se conversou, a água potável oferecida por um voluntário que saiu de sua casa, segura e seca, disposto a pisar na lama, pegar chuva e empreender esforços inimagináveis para ele, “só” para ajudar aqueles a quem nunca viu, mas que se tornaram parte integrante e importante de sua vida desde que viu suas dificuldades e sofrimentos expostos nos noticiários.
A tragédia natural trouxe de volta o valor fundamental que se perde de nós em nosso mundo moderno, sufocado pelo lobby, marketing, status, ambição, fama, poder e tantos outros falsos valores que nos iludem, envolvem e oprimem diariamente.
A dor nos presenteou com discernimento e o discernimento nos encaminha à única e verdadeira paz. A paz de amar livre e incondicionalmente aos nossos iguais sem jamais esquecer que eles, de fato, são iguais.
Gente de toda parte do Brasil se mobilizou para ajudar de mil maneiras diferentes.
O Hemorio bateu recorde de doações de sangue e acumulou filas de até 400 doadores.
As redes de relacionamento finalmente encontraram sua verdadeira utilidade e sentido, trocando informações sobre como, onde e o que doar, esquecendo as banalidades, maldades, pornografias e fofocas tão comuns na Internet.   
É verdade, esta tragédia trouxe muitas lições, mas também levou de nós muitas pessoas queridas, famílias inteiras morreram e a morte é uma dor sem fim e sem solução. Uma dor para apenas se acostumar com ela, uma dor de nunca passar. Mas até nesta dor nasce grande lição: a de seguir! Seguir em frente, tão bem quanto possível e com muito mais garra, força e fé do que antes, porque nos foi dada a oportunidade de viver. Viver para ser melhor do que antes, não repetir os mesmos erros, não cair nas mesmas armadilhas e, sobretudo, não mais esquecer a lição aprendida e traduzida nesse versículo:
Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três, mas o maior destes é o amor.” 1 Coríntios 13:13