domingo, 16 de janeiro de 2011

Lições Da Vida


Tudo o que acontece à nossa volta invariavelmente nos traz uma lição e é este aprendizado que dá sentido até mesmo às tragédias sem sentido que povoam o mundo e nossas vidas.
Muitas vezes a tristeza e a dor são grandes demais e nos deixam míopes, olhamos os acontecimentos e as lágrimas turvam nosso olhar e é pouquíssimo o que conseguimos enxergar, mas não devemos desistir, não podemos desistir, pois é preciso aprender e crescer, é preciso dar algum sentido ou função a todo o sofrimento que se apresenta, por pior que seja. É nisso que reside a sabedoria e desenvolvimento da humanidade.
Assistindo, pela imensa janela da televisão, a força da natureza se manifestar de forma tão destrutiva, em minutos, arrastando, demolindo, quebrando, matando e transformando em nada o tudo construído ao longo de tantos anos, parece não haver nada a se aprender a não ser a conviver com a absoluta verdade que é nossa impotência diante de tragédias naturais, mas isso não é verdade, há muito a se aprender e a lição é valiosa demais para se desperdiçar.
A tromba d’água desceu a serra com a força e fúria de uma Tsunami deixando para trás resultados semelhantes ao de um grande terremoto. Igualou casebres e mansões, avenidas e trilhas, ricos e pobres, chamando atenção do Brasil e do mundo para a única coisa que realmente tem valor: vida, solidariedade, amor e fé!
A devastação, necessidade e tristeza fez a humanidade voltar os olhos para o seu próximo, abandonando, por um pouco que seja, as distrações fúteis da TV e Internet para pensar em como ajudar a reconstruir, a alimentar, matar a sede e amenizar a dor. Tudo isso nos fez olhar para nossos armários e dispensas e, finalmente, entender que temos coisas demais, muito mais do que as necessárias e que é hora de fazer com que elas, inúteis para nós, possam cumprir sua função nas mãos de quem realmente precisa delas. A Tsunami passou por nossas mentes e corações, para destruir o que foi edificado errado por lá e nos fazer melhores do que somos, mesmo quando nos achamos essencialmente bons.
Um instante analisando estes últimos cinco dias de sofrimento, necessidade e destruição na região serrana do Rio ou em São Paulo ou ainda, do sul de Minas, e ficamos perplexos de ver como é equivocado nosso senso de prioridade e valor. Status, fama e riqueza foram afogados pela realidade imposta pela natureza de que somos todos iguais e que a única salvação em uma situação em que o dinheiro não pode comprar nada, é o amor ao próximo que gera solidariedade e caridade.
Numa cidade ilhada em meio à lama e destroços, quando já não há nada para ser comprado ou vendido e as casas já não ostentam mais em suas fachadas a classe social de quem as habita, a única riqueza existente é o amparo do abraço de um desconhecido, o alimento dividido pela mão de um vizinho com quem nunca se conversou, a água potável oferecida por um voluntário que saiu de sua casa, segura e seca, disposto a pisar na lama, pegar chuva e empreender esforços inimagináveis para ele, “só” para ajudar aqueles a quem nunca viu, mas que se tornaram parte integrante e importante de sua vida desde que viu suas dificuldades e sofrimentos expostos nos noticiários.
A tragédia natural trouxe de volta o valor fundamental que se perde de nós em nosso mundo moderno, sufocado pelo lobby, marketing, status, ambição, fama, poder e tantos outros falsos valores que nos iludem, envolvem e oprimem diariamente.
A dor nos presenteou com discernimento e o discernimento nos encaminha à única e verdadeira paz. A paz de amar livre e incondicionalmente aos nossos iguais sem jamais esquecer que eles, de fato, são iguais.
Gente de toda parte do Brasil se mobilizou para ajudar de mil maneiras diferentes.
O Hemorio bateu recorde de doações de sangue e acumulou filas de até 400 doadores.
As redes de relacionamento finalmente encontraram sua verdadeira utilidade e sentido, trocando informações sobre como, onde e o que doar, esquecendo as banalidades, maldades, pornografias e fofocas tão comuns na Internet.   
É verdade, esta tragédia trouxe muitas lições, mas também levou de nós muitas pessoas queridas, famílias inteiras morreram e a morte é uma dor sem fim e sem solução. Uma dor para apenas se acostumar com ela, uma dor de nunca passar. Mas até nesta dor nasce grande lição: a de seguir! Seguir em frente, tão bem quanto possível e com muito mais garra, força e fé do que antes, porque nos foi dada a oportunidade de viver. Viver para ser melhor do que antes, não repetir os mesmos erros, não cair nas mesmas armadilhas e, sobretudo, não mais esquecer a lição aprendida e traduzida nesse versículo:
Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três, mas o maior destes é o amor.” 1 Coríntios 13:13


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